terça-feira, 19 de março de 2013

Sonetos do Viandante (18)

Pablo Picasso - A sombra sobre a mulher (1953)

18. Ser apenas um vulto e uma chama

Ser apenas um vulto e uma chama,
O vento que no fundo da floresta
Sussurra o teu nome e por ti clama,
Solidão silenciosa que lhe resta.

Ser apenas a sombra, ir e vir
Ao ritmo dessa luz que de ti cai,
E em cada momento discernir
No amor o que chega e o que vai.

Ser apenas um nada que te olha,
Pura rosa que breve se desfolha.
Ser um vulto perdido pelas ruas

E ansiar essas mãos leves e nuas,
Para sofrer na hora do desejo
A viva solidão em que te vejo.

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