sábado, 12 de agosto de 2017

A estátua

Josef Breitenbach - Sculpture Academy, Paris, c. 1935

Tenho frio. Não, o estúdio não está frio. Nem é o estar despida que me traz o frio. É o olhar deles nas minhas costas. Olham para mim e não me desejam, o olhar deles é frio, ao dirigiram os olhos para mim é gelo que deles sai. Só as pobres estátuas que saem das suas mãos recebem o seu desejo, o calor dos seus olhos. Tenho frio, muito. Os músculos começam a perder a flexibilidade, sinto-os duros, o sangue parou e os pulmões já não se movem. Quero, mas não consigo mover os braços. Aquela olhares gelam-me. Toda eu cheio a mármore. Sou uma pedra que nasceu dos olhos deles, a sua estátua, malditos sejam.

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