domingo, 17 de dezembro de 2017

Para toda a vida

Tóth Zsuzsanna, Egy életen át

- Lembras-te do que me segredaste quando, no dia de casamento, saímos da Igreja?
- Nada de impróprio. Ou foi?
- Não, não foi, embora fosses capaz de o fazer. Não te faltava atrevimento. Não te lembras mesmo?
- Aos dezanove anos, somos capazes de segredar qualquer coisa.
- Ainda não tinhas dezanove anos, faltava uma semana.
- Como era nova. Bem, não era assim tão atrevida... Nunca te deixei tocar-me. Lembras-te?
- Se lembro, atrevida, mas...
- Nunca pensei que ia parecer a minha avó. O que te disse?
- Faz um esforço. Cumpriste.
- Cumpri? Ainda bem, mas, nesse dia, estava tão atordoada que devo ter prometido este e o outro mundo.
- Não foi, propriamente, uma promessa.
- Não? Ainda bem, se o fosse e com o esquecimento poderia acontecer que faltasse à palavra.
- Não. Fizeste uma espécie de constatação.
- Uma constatação? Mas o que constatei?
- Que era para toda a vida. Murmuraste: para toda a vida. E eu senti-me eterno. Eras um anjo, atrevida, mas um anjo.
- Mas, mas a vida ainda não acabou.

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