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domingo, 22 de junho de 2014

Sem bagagem

Irving Penn - Vogue Luggage, New York (1948)

Não, a viagem do viandante não exige que ele venha carregado. Na verdade, ele chega ao caminho despido de tudo. Sem nada, faz-se à estrada. Quando começa a acumular objectos a transportar, começa a errância e o destino que o espera oculta-se-lhe. O caminho do viandante é a lenta aprendizagem da inutilidade de toda e qualquer bagagem. Tudo o que precisa está dentro de si. O resto ser-lhe-á propiciado. Na fronteira, só uma coisa a declarar: sem bagagem.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

À espera de ventos propícios

Edvard Munch - Sailboats in the Harbor (1905)

Quantas vezes ficamos longo tempo parados no caminho? Quantas vezes tudo parece sem sentido e sem uma abertura para a viagem? E no entanto o tempo flui, corre e precipita-se, como se alguma coisa o esperasse. Nessas alturas, em que parece especado e sem destino, o homem é apenas como um veleiro ancorado no porto. Espera que os ventos propícios retornem e o levem onde quiserem.

domingo, 17 de novembro de 2013

A libertação do destino

Raquel Forner - Destinos (1939)

Se o viandante se põe a caminho não é para cumprir um destino ou para certificar a inexorabilidade de um fado. Não, o pôr-se a caminho do viandante visa enfrentar o destino e dissolver a fatalidade. A vida espiritual é a aprendizagem íntima de ser livre, a conquista da liberdade. Não da mera liberdade social, mas da liberdade que nasce da emancipação da fria e cruel necessidade, que nasce da libertação de todos os fados e de todos os destinos.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Arquitecto de labirintos

Virginia Lasheras - O Arquitecto (1993)

O viandante não é apenas aquele que caminha em direcção ao seu destino. O viandante sabe que tem um destino, mas não qual é. Ao caminhar, ele é o arquitecto do labirinto pelo qual passa, pois a viagem é o trânsito pelo labirinto. Em cada momento o viandante constrói uma nova passagem, e não sabe se ela leva a um beco sem saída ou se abre o caminho em direcção àquilo que o chama. Espera a graça da sagacidade e o talento do construtor para que, desprovido do fio de Ariadne, não tenha que voltar ao início do caminho.

sábado, 15 de outubro de 2011

Destinos e limbos

O último poema da série Poemas para Afrodite, que deveria ter sido postado ontem, sofreu um singular destino. Encontra-se encerrado no limbo de um disco rígido externo ao qual o autor deste blogue deixou de ter acesso. Diversas tentativas, mesmo profissionais, para entrar em contacto com o conteúdo do disco mostraram-se infrutíferas. Naquele limbo digital encontra-se, entre muitas outras coisas, toda a produção poético do autor do blogue, da qual, para muitos dos casos, não há qualquer outra cópia. Há muito que deixei de escrever em papel, e aquilo que fora escrito em papel há muito que estava em suporte digital e o papel devolvido ao pó da terra.

Mais que digno de lamentação, o caso coloca uma questão interessante. Se nem uma empresa super-especializada em recuperação de dados, a que penso recorrer em breve, conseguir salvar o acervo do disco, então toda aquela poesia que lá se encontra, e da qual não tenho qualquer duplicado, desaparecerá. Será o sinal definitivo de que não merecia qualquer atenção. Veremos o que vai acontecer.