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quarta-feira, 13 de maio de 2015

A força do amanhecer

Max Pechstein - Dawn (1911)

O amanhecer é frequentemente usado - até à usura - para simbolizar o começo de algo novo. A persistência da sua força simbólica não deriva, contudo, da analogia entre o começo do novo dia e aquilo que na vida dos homens é tomado como novo. A força simbólica do amanhecer é muito mais profunda pois reside nas forças poderosas da natureza que se manifestam nessa hora e no impacto que essas forças têm sobre o corpo, a alma e o espírito dos homens.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Os lugares desertos

Mark Rothkovich - Untitled (1961)

Entretanto, o menino crescia, o seu espírito robustecia-se, e vivia em lugares desertos, até ao dia da sua apresentação a Israel. (Lucas 1:80)

Aprendemos que o deserto é esse lugar onde o espírito se robustece e aquilo que é pequeno cresce. O deserto não é um lugar de fuga, mas de preparação, como se o preparar-se exigisse sempre o esforço da solidão e o confronto consigo mesmo antes de entrar no espaço partilhado com os outros. Tornar-se forte para dominar? Não, tornar-se forte para poder viver entre os fracos e os dominadores, sem temer ser uns nem desejar ser outros.

sábado, 28 de dezembro de 2013

A onda e a vida

Frantisek Kupka - The Wave (1902)

Pensar a vida a partir da metáfora da onda. Como deve o viandante lidar com a onda? Enfrentá-la a pé firme? Cavalgá-la como um surfista? Atravessá-la como um exímio mergulhador? Não, o caminho do viandante não é o do poder nem o da dominação, tão pouco é o da destreza. A força para nada lhe serve e a habilidade não o salva. Ao viandante resta-lhe ser onda na onda, vida na vida. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Da graça e da força

George Grosz - Kraft und Anmut (1922)

Poder-se-á traduzir o título do quadro de Grosz, Kraft und Anmut, por vigor e elegância. Estaria certamente de acordo com o espírito da obra. No entanto, prefiro outra tradução: força e graça. Graça no sentido daquilo que é gracioso, não no sentido de graça divina, pois em alemão esta graça diz-se Gnade. Este afastamento lexical entre Anmut e Gnade não permite compreender aquilo que é de imediato perceptível em português: o carácter gratuito da graciosidade, da beleza. A graça de uma mulher, a sua elegância, não é uma mera obra sua mas uma dádiva recebida, um dom. e sem ele não há esforço que dê graça a uma mulher. Dito de outra maneira, a graça é uma Graça. Já Kraft reenvia para a ideia de exercício e de esforço. A força ou o vigor são um produto próprio, o resultado de um exercício que pretende transformar a fragilidade do homem em força. Daí, o carácter eternamente rude da força, ao contrário da natureza etérea da graciosidade feminina. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Força

Há alturas em que tudo se dissolve, mas não é a luz que vem e ilumina o fundo da alma. É antes um fogo caótico, o redemoinho da vida que tudo engole e despedaça. No cérebro abrem-se fracturas e o coração é um rio seco, abandonado pelas águas, de vegetação morta, povoado de fantasmas. Tudo então se multiplica, e se se perde a segurança que a unidade de si dá, não é porque se tenha adentrado mais e mais no caminho. Tudo parece ter voltado atrás. Como Sísifo, recomeço a subida, mas que força será aquela que pode vencer a ausência da minha própria força?