Mostrar mensagens com a etiqueta Guerra. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Guerra. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A grande batalha

Yves Klein - La Grande Bataille

Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. (João 14:27)

A vida é entendida, muitas vezes, através da metáfora da guerra. É compreendida como uma sucessão de batalhas. Por maiores que sejam os conflitos que um ser humano atravessa na existência, está ainda perante pequenas batalhas. A grande batalha é a da paz que foi doada aos homens, lhes foi deixada em herança. Grandes são os perigos que ela traz consigo, pois o maior dos perigos está ligado ao que é misterioso, e nada é mais misterioso do que essa paz que o homem herdou e que o mundo não compreende.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Do espírito da guerra

Umberto Boccioni - Carga de Lanceiros (1914-15)

Nunca se pensa suficientemente a guerra. Recusamo-nos a ver nela uma manifestação do espírito. Na verdade, porém, a guerra é uma poderosa eclosão do espírito, aquela onde a ligação com a morte se manifesta na sua crueza. Toda a vida espiritual é, na sua essência, um exercício de aprender a morrer e a estar morto, como dizia Platão acerca da filosofia. Isto não legitima a guerra e a morte que ela traz consigo. A guerra manifesta poderosamente a vida espiritual, é certo, mas numa perspectiva patológica. Quando a massa dos homens se recusa aprender a morrer que a vida do espírito traz consigo, essa necessidade reprimida é transferida massivamente para o conflito bélico e incendeia o mundo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O espírito e a espada

Esteban Vicente - Séries Alison - Harmonia (1976)

Não cuideis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas a espada. (Mat. 10: 34)

A grande ilusão da vida espiritual é a harmonia. Quantas vezes as pessoas julgam que a vida espiritual tem como missão proporcionar-lhe uma existência bem ordenada, perfeita, onde o desacordo consigo e com o mundo desapareça, uma vida de paz, ordem, coerência e conformidade consigo mesmo. A vida espiritual, porém, não veio trazer a paz mas a guerra. Veio trazer a desordem, o desacordo, a desconformidade consigo e a incoerência. A vida espiritual não é uma sessão de auto-ajuda, mas a viagem por uma paisagem em guerra. Quem quiser adentrar-se no caminho do espírito tem de aprender a manejar a espada.

sábado, 14 de junho de 2014

O espírito e a guerra

Arnold Böcklin - A Guerra (1896)

É preferível que não nos lamentemos da sujeição a que nos submete uma miséria como a guerra e não pretendamos que ela impeça a entrega à vida do espírito; pelo contrário, é nela que a vida do espírito toma toda a sua força e todo o seu ardor. (Louis Lavelle, Carnets de Guerre 1915-1918)

Com estas palavras, o filósofo francês Louis Lavelle, inicia os seus Carnets de Guerre 1915-1918. A vida espiritual não pertence apenas ao puro domínio da contemplação no deserto ou na vida cenobítica. Ali, onde a vida se manifesta no que tem de mais trágico e aterrador, também é o lugar do espírito. O trágico da existência  faz parte da viagem espiritual. Onde deveria o espírito manifestar-se com mais força e com mais ardor se não no lugar da maior tormenta? Não era Paulo que dizia: onde abunda o pecado, superabunda a Graça? Não é a guerra a superabundância do erro e da errância, isto é, do pecado?